BENFAZEJO (Ricardo Moreira)
Houve quem achasse um tanto estranho o agir daquele cidadão a poucos metros da esquina... Ovelha que destoa do rebanho ou flor que nasce junto a escombros de uma ética em ruínas. Abria mão de quase todo ganho e, benfazejo, construía em caridade sua rotina, sem olhar pra origem ou tamanho e sem julgar, como é de praxe no horror que se dissemina. O amanhã não importa, tampouco o antanho... Espalha a paz, conserta o hoje, as ruas são sua oficina. Dá pão ao faminto; dá ao sujo o banho e, aos enfermos, ele proporciona a vacina.